terça-feira, 26 de junho de 2012

Teoria Miasmática X Teoria do Contágio

       Durante muito tempo acreditou-se que as doenças eram causadas por odores venenosos, gases ou resíduos nocivos (do grego miasma, mancha) que se originavam na atmosfera ou a partir do solo. Essas substâncias seriam posteriormente arrastadas pelo vento até a um possível indivíduo, que acabaria por adoecer. A esse pensamento deu-se o nome de Teoria Miasmática. O termo "malária", por exemplo,  tem origem em mala aria (maus ares), acreditando-se que esta doença era causada pela presença de "mau ar", já que na época acreditava-se que as zonas pantanosas produziam gases e que as populações que habitavam esses locais facilmente adoeciam com malária. Não existia nenhuma preocupação com insetos, ratos ou outros animais, pois ninguém imaginava que eles pudessem transmitir enfermidades.
        Desde o fim do império romano que as preocupações com limpeza haviam diminuído muito na Europa. Praticamente não existia água encanada, nem esgoto. até mesmo os médicos não tinham muito apreço pelas medidas sanitárias. A limpeza corporal e das roupas eram precárias e usava-se o perfume como substituto dos banhos e não como complemento. Durante o século XVIII, mantinha-se a ideia de que os perfumes podiam combater os efeitos nocivos dos miasmas; mas aos poucos vai-se preferindo eliminar os próprios fedores, ao invés de escondê-los. Passa-se a dar grande importância à ventilação das residências, para que seu ar seja renovado e purificado. Observou-se que vários tipos de substâncias químicas eram capazes de evitar a putrefação e podiam ser utilizados contra a produção de miasmas.
        No século XIX,, o doutor John Snow, anestesista, resolveu estudar a transmissão da cólera e verificou que havia uma associação dos casos com o consumo de água e concluiu que a doença  era veiculada pela água e causada por algo que era capaz de passar do doente para o são e multiplicar-se. Essa afirmação gerou uma grande polêmica entre o contágio (infecção) e os miasmas. Isso acarretava problemas maiores e de ordens dististas, pois o contágio implicava em quarentena, o que levou os liberais e a burguesia a serem anticontagionistas, já que a quarentena limitaria a liberdade individual e de comércio; além desses, radicais, reformadores sociais ingleses também combatiam o novo conceito.
        Foi através de Pauster e sua descoberta a respeito da fermentação feita por microrganismos, que finalmente lançou-se a 'Teoria Infecciosa', recebida na época com ceticismo. Contudo, o êxito de Pasteur e de seus discípulos não deixaram dúvidas sobre o acerto de suas teorias. Pela primeira vez na história da medicina identificava-se, com certeza, a causa de doenças. Mais que isso, era possível produzir agentes imunizantes capazes de evitá-las.
        No Brasil, Oswaldo Cruz foi o nome da microbiologia. No fim do séc. XIX, estagiou no Instituto Pauster e regressando investigou um surto de peste em Santos, dirigiu o Instituto Soroterápico do Rio de Janeiro e foi convidado a assumir a Diretoria Geral de Saúde Pública, correspondente ao atual Ministério da Saúde.
        Oswaldo Cruz recebeu plenos poderes para sanear o Rio de Janeiro, e fez com muita competência, organização, mas também com muito autoritarismo, introduzindo as campanhas sanitárias de cunho nitidamente militar. Foi Oswaldo quem instituiu a vacina obrigatória contra a varíola, e seus vacinadores invadiam as casas e exigiam que todos expussessem braços e coxas. Na "Revolta da Vacina" uniram-se sindicalistas, monarquistas, anarquistas, positivistas, capoeiras, todos contra Oswaldo cruz, que acabou perdendo o cargo.
        Com o tempo perceberam que conhecendo a causa das doenças era possível também descobrir um meio para curá-las, no entanto, percemos hoje que conhecer a associação entre o agente infeccioso e o organismo doente é insuficiente, já que há uma complexidade de mecanismos de doenças, muitos com influência considerável do meio ambiente, seja físico, socioeconômico, ou cultural. A intervenção humana na ecologia microbiana trouxe prejuízo sem tamanho, como a resistência antibiótica e até o retorno de algumas doenças, já combatidas. Diante disso, é preciso que atentemos para uma relação harmônica com o meio ambiente para, enfim, alcançarmos o desejo de manutenção da saúde.

Taylane Fragoso

Referências Bibliográficas

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